Espelho fiel!

O coração disparado, a respiração ofegante, as mãos trémulas, o olhar cabisbaixo refletindo tristeza e solidão quando olhados bem de perto, a voz rouca, e a fraqueza de quem já lutou e não obteve resultados. São essas as características que melhor me descrevem quando paro e me olho no espelho, na tentativa de saber quem sou. Confesso que não era o que eu gostaria de ver, mas as situações de cada dia acentuam mais esse meu ser esquisito.
Um bom observador é capaz de farejar minha tristeza de longe, ela chega a ser tanta que as vezes é como se eu pudesse tocá-la.
As vezes eu acho que Tim Maia tinha razão quando dizia em sua música "que uns nascem pra sofrer, enquanto o outro ri", e eu acho que sou a que nasceu pra sofrer, pois quando encontro algo que me faz sentir forças pra seguir e lutar, dura tão pouco que não consigo nem me acostumar com a sensação agradável da felicidade.
Prefiro então me isolar, pra evitar que seja um fardo para aqueles que estão a minha volta, minha necessidade de carinho é tamanha, que quando percebo a possibilidade de tê-lo acabo sufocando, querendo suprir o que me faltou em anos, em um só dia, e assim, não consigo fazer ninguém feliz.
Minha vontade de sumir e começar uma nova vida, distante de todos aqueles que me conhecem, aumenta a cada dia, assim eu poderia me reconstruir, ou pelo menos fingir, usar máscaras para não espantar e não permitir que sintam pena de mim. E talvez eu finja tão bem que acabe acreditando em mim mesma.