terça-feira, 17 de abril de 2012

A falta!


" Não quis ajuda de ninguém para se deitar, não quis comer nada antes de dormir. Na angústia de sua desolação, rogou a Deus que lhe mandasse a morte esta noite durante o sono, e com essa ilusão se deitou, descalça mas vestida, e dormiu no mesmo instante. Dormiu sem saber, mas sabendo que continuava viva no sono, que sobrava metade da cama, que jazia de costas na margem esquerda, como sempre, mas que lhe fazia falta o contrapeso do outro corpo na outra margem. Pensando adormecida pensou que nunca mais poderia dormir assim, e começou a soluçar adormecida, e dormiu soluçando sem mudar de posição na sua margem, até muito depois de acabarem de cantar os galos, e a despertou o sol indesejável da manhã sem ele."

O amor nos tempos do cólera - Gabriel Garcia Márquez

(Esse texto traduz em palavras minhas noites)

...


Não tenho domínio das minhas emoções, não tenho fome, não tenho vontades. Quero dormir, apenas dormir, não quero nem ao menos ter sonhos ou pesadelos, quero dormir. Dormir por dias, meses, anos, e quando acordar não me lembrar de nada.
Sei que é um pensamento infantil, mas como lidar com essa falta? O que fazer com essa convicção de que encontrei e perdi o grande amor da minha vida? O que fazer quando não há mais o que fazer? Como controlar a vontade de procurar, o desejo de lutar? Como conter as memórias, as lembranças, as lágrimas? Como me livrar do passado e querer viver o presente? Como substituir o insubstituível?
Preciso de respostas, preciso de forças, mas acima de tudo, preciso do passado de volta!

Tendo o passado como companhia


Sinto que o grande amor da minha vida já passou e que carregarei comigo para sempre as lembranças dos momentos que vivi ao lado dele, mas também carregarei o peso da culpa.
É bem verdade que ainda tenho muito pra viver, muitas festas para ir, muitas pessoas para conhecer, mas a sensação que tenho é que a história principal da minha vida já aconteceu e que agora só me resta viver olhando para trás e me acostumar com a presença constante do passado caminhando lado a lado com o meu presente, uma companhia invisível e cruel.
Decidi viver fazendo o bem, querendo o bem, pra que quem sabe um dia eu mereça você novamente, e então a vida resolva assim reaproximar nos dois e não mais me permita viver apenas por viver me devolvendo os sorrisos sinceros e a vontade de seguir adiante.

Despedida


Acordei ao som do despertador, eram 7 e 15 da manhã, desliguei-o rapidamente para que ele não acordasse com o barulho, fechei os olhos e me permiti sentir toda a angústia da realidade, da perda e da partida, levantei-me silenciosamente, vi meu rosto no espelho e era como se meu semblante reproduzisse apenas um único sentimento, DOR.
Quando retornei para o quarto, ele se mexeu lentamente e meu coração disparou devido ao medo de que ele acordasse antes que eu partisse, ao calçar os sapatos as lágrimas corriam pelo meu rosto e eu não pude conter a vontade de tocá-lo pela última vez, voltei então para cama vagarosamente, passei meu braço sobre seu corpo, cheguei meu rosto bem perto dele e me concentrei no cheiro, no toque, na respiração, dei um beijo em seu ombro, ajeitei seu edredom e levantei-me para seguir meu caminho.
Abri a porta de seu quarto, certifiquei-me que não iria fazer barulho e que ninguém estava acordado, então caminhei rumo a porta, carregando comigo minha bagagem que se tornou inacreditavelmente leve diante do peso da angústia que aumentava a cada passo em direção a saída. As memórias viam desconcertadas, o beijo, o cheiro, o abraço, a voz, nitidamente em mim me faziam tremer, tive que ter forças pra não voltar correndo e acordá-lo com um abraço forte e mais uma vez insistir, falar, pedir, suplicar, implorar por uma chance.
O trajeto até a minha casa nunca foi tão longo, contava os minutos para me trancar em meu quarto e colocar pra fora todo esse sofrimento, sinto-me desacreditada, pois sempre achei que o amor verdadeiro seria capaz de tudo, sempre achei que quem esperasse e tivesse esperança alcançaria seus objetivos, e não foi bem isso que aconteceu. Agora não sei em que acreditar, não sei o que fazer com o que sinto, não sei pelo que devo esperar e nem mesmo pelo que devo lutar. Me sinto sem rumo, passiva diante da vida, pouco me importa agora o que vai acontecer, pouco me importa para onde vou ou para onde a vida irá me levar, tudo está acabado.

domingo, 15 de abril de 2012

Adeus!


Nunca precisei de tanta força e coragem pra desistir, quando eu achei que já tinha atingido o limite da minha dor me surpreendo com a proporção que ela ainda pode tomar.
Tenho tanto medo de carregar essa culpa e esse amor pro resto da minha vida, por mais que eu saiba que o que eu sinto é único, verdadeiro, eu não quero mais, eu preciso arrancar esse sentimento de mim, mas como?

O que eu sei é que enfim é chegada a hora de seguir, ainda que eu não saiba bem como e nem pra onde, mas preciso seguir. Sei que ainda resta uma vontade imensa de repetir tudo que já disse, uma vontade de suplicar, gritar que amo, implorar pelo perdão.
Na verdade o que eu sei com toda convicção, é que nesse momento eu não sei de nada, não sei meu rumo, não sei o que fazer, o que falar, como agir, como me livrar.
Mas é chegada a hora de dizer adeus!