terça-feira, 17 de abril de 2012

Despedida


Acordei ao som do despertador, eram 7 e 15 da manhã, desliguei-o rapidamente para que ele não acordasse com o barulho, fechei os olhos e me permiti sentir toda a angústia da realidade, da perda e da partida, levantei-me silenciosamente, vi meu rosto no espelho e era como se meu semblante reproduzisse apenas um único sentimento, DOR.
Quando retornei para o quarto, ele se mexeu lentamente e meu coração disparou devido ao medo de que ele acordasse antes que eu partisse, ao calçar os sapatos as lágrimas corriam pelo meu rosto e eu não pude conter a vontade de tocá-lo pela última vez, voltei então para cama vagarosamente, passei meu braço sobre seu corpo, cheguei meu rosto bem perto dele e me concentrei no cheiro, no toque, na respiração, dei um beijo em seu ombro, ajeitei seu edredom e levantei-me para seguir meu caminho.
Abri a porta de seu quarto, certifiquei-me que não iria fazer barulho e que ninguém estava acordado, então caminhei rumo a porta, carregando comigo minha bagagem que se tornou inacreditavelmente leve diante do peso da angústia que aumentava a cada passo em direção a saída. As memórias viam desconcertadas, o beijo, o cheiro, o abraço, a voz, nitidamente em mim me faziam tremer, tive que ter forças pra não voltar correndo e acordá-lo com um abraço forte e mais uma vez insistir, falar, pedir, suplicar, implorar por uma chance.
O trajeto até a minha casa nunca foi tão longo, contava os minutos para me trancar em meu quarto e colocar pra fora todo esse sofrimento, sinto-me desacreditada, pois sempre achei que o amor verdadeiro seria capaz de tudo, sempre achei que quem esperasse e tivesse esperança alcançaria seus objetivos, e não foi bem isso que aconteceu. Agora não sei em que acreditar, não sei o que fazer com o que sinto, não sei pelo que devo esperar e nem mesmo pelo que devo lutar. Me sinto sem rumo, passiva diante da vida, pouco me importa agora o que vai acontecer, pouco me importa para onde vou ou para onde a vida irá me levar, tudo está acabado.

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